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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Revisão de Conteúdo e Interpretação de texto

COMPLEXO DE VIRA-LATAS

Nelson Rodrigues

(Texto editado na revista Manchete esportiva, a 31 de maio de 1958, e republicado em À sombra das chuteiras imortais - crônicas de futebol (organização de Ruy Castro para a Cia. das Letras, São Paulo, 1993). Trata-se da última crônica antes da estréia do Brasil na Copa de 1958, que, como se sabe, foi a primeira vencida pela Seleção brasileira. Nelson mantinha, nesta publicação, uma coluna chamada "Personagem da semana", o que explica o começo do texto).

Hoje vou fazer do escrete o meu numeroso personagem da semana. Os jogadores já partiram e o Brasil vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais frenética. Nas esquinas, nos botecos, por toda parte, há quem esbraveje: - "O Brasil não vai nem se classificar!". E, aqui, eu pergunto: - não será esta atitude negativa o disfarce de um otimismo inconfesso e envergonhado?

Eis a verdade, amigos: - desde 50 que o nosso futebol tem pudor de acreditar em si mesmo. A derrota frente aos uruguaios, na última batalha, ainda faz sofrer, na cara e na alma, qualquer brasileiro. Foi uma humilhação nacional que nada, absolutamente nada, pode curar. Dizem que tudo passa, mas eu vos digo: menos a dor-de-cotovelo que nos ficou dos 2 x 1. E custa crer que um escore tão pequeno possa causar uma dor tão grande. O tempo em vão sobre a derrota. Dir-se-ia que foi ontem, e não há oito anos, que, aos berros, Obdulio¹ arrancou, de nós, o título. Eu disse "arrancou" como poderia dizer: - "extraiu" de nós o título como se fosse um dente.

E, hoje, se negamos o escrete de 58, não tenhamos dúvidas: - é ainda a frustração de 50 que funciona. Gostaríamos talvez de acreditar na seleção. Mas o que nos trava é o seguinte: - o pânico de uma nova e irremediável desilusão. E guardamos, para nós mesmos, qualquer esperança. Só imagino uma coisa: - se o Brasil vence na Suécia, e volta campeão do mundo! Ah, a fé que escondemos, a fé que negamos, rebentaria todas as comportas e 60 milhões de brasileiros iam acabar no hospício.

Mas vejamos: - o escrete brasileiro tem, realmente, possibilidades concretas? Eu poderia responder, simplesmente, "não". Mas eis a verdade: - eu acredito no brasileiro, e pior do que isso: - sou de um patriotismo inatual e agressivo, digno de um granadeiro bigodudo. Tenho visto jogadores de outros países, inclusive os ex-fabulosos húngaros, que apanharam, aqui, do aspirante-enxertado Flamengo. Pois bem: - não vi ninguém que se comparasse aos nossos. Fala-se num Puskas². Eu contra-argumento com um Ademir, um Didi, um Leônidas, um Jair, um Zizinho.

A pura, a santa verdade é a seguinte: - qualquer jogador brasileiro, quando se desamarra de suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de improvisação, de invenção. Em suma: - temos dons em excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por vezes, invalida as nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de "complexo de vira-latas". Estou a imaginar o espanto do leitor: - "O que vem a ser isso?". Eu explico.

Por "complexo de vira-latas" entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos "os maiores" é uma cínica inverdade. Em Wembley³, por que perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo. Na já citada vergonha de 50, éramos superiores aos adversários. Além disso, levávamos a vantagem do empate. Pois bem: - e per- demos da maneira mais abjeta. Por um motivo muito simples: - porque Obdulio nos tratou a pontapés, como se vira-latas fôssemos.

Eu vos digo: - o problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e vender, lá na Suécia. Uma vez que se convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de dez para segurar, como o chinês da anedota. Insisto: - para o escrete, ser ou não ser vira-latas, eis a questão.

¹ Obdulio: ex-futebolista uruguaio que atuava como zagueiro.

² Puskas: futebolista húngaro, considerado um dos melhores do século XX.

³ Wembley: o estádio nacional inglês.

Vocabulário:

Escrete: linha ou marca desenhada para servir de ponto partida; linha de partida.

Obtuso: que falta inteligência; não é claro; estúpido.

Inatual: que não apresenta atualidade.

Granadeiro: soldado especializado no lançamento de granadas.

Aludir: Referir-se indiretamente; fazer alusão.

Abjeta: desprezível, sujo; indigno.

01) Qual o tema central da crônica?

02) Explique com suas palavras a opinião do autor.

03) Retire do texto três frases ditas pelo autor que comprovem a sua resposta anterior.

04) A partir da expressão “complexo de vira-latas”, comente, citando exemplos, como esse comportamento pode afetar a autoestima do brasileiro.


Revisão de Conteúdo – Morfologia

  • Artigo: acompanha o substantivo marcando a flexão em gênero (masculino, feminino) e número (singular, plural).
  • Substantivos: são palavras que designam seres – visíveis ou não, animados ou não – ações, estados, sentimentos, desejos, ideias. Os substantivos podem se classificar em: comuns, próprios, concretos, abstratos e coletivos, e quanto à formação podem ser primitivos ou derivados, simples ou compostos.

(Padrão do substantivo: (prefixo+) radical + (sufixo) VT/DG + DN)

  • Adjetivos: são palavras que caracterizam os seres, referem-se sempre a um substantivo com o qual concordam em gênero e número.

FORMAÇÃO DE PALAVRAS

- Composição: união de dois ou mais radicais.

RADICAL 1 + RADICAL 2 = PALAVRAS 3

A composição pode ser por:

- Justaposição: em que há autonomia fonética na união dos radicais. Ex: pernalonga (perna+longa), couveflor (couve+flor), girassol (gira+sol).

- Aglutinação: perda ou adaptação fonética na união dos radicais. Ex: planalto (plano +alto), aguardente (água+ardente), alvinegro (alvo+negro).

- Derivação: a união de afixo(s) no radical da palavra primitiva.

RADICAL 1+AFIXO = PALAVRA 2

A derivação pode ser:

- prefixal: propor, infeliz

- sufixal: jornalista, brasileiro

- prefixal e sufixal: infelizmente, imperdoável

- parassintética: engarrafar, anoitecer

Casos especiais:

- Derivação regressiva: formação de um substantivo abstrato através de um verbo.

Ex: consumir > o consumo; vender > a venda; ensinar > o ensino

- Derivação imprópria: mudança de sentido e de classe gramatical.

Ex: Os ricos (adjetivo > substantivo) deram uma festa animal (substantivo > adjetivo).

VERBO

Os verbos são palavras que exprimem ação, estado, mudança de estado e fenômenos da natureza. Podem se flexionar em número e pessoa, tempo e modo.

- Número e pessoa

As três pessoas do verbo são aquelas que estão envolvidas no ato da comunicação e podem estar no singular ou no plural:

Pessoas/Números

Pronomes Retos

1ª pessoa do singular (quem fala)

2ª pessoa do plural (com quem se fala)

3ª pessoa do singular (de quem ou de que se fala)

1ª pessoa do plural ( quem fala)

2ª pessoa do plural (com quem se fala)

3ª pessoa do plural (de quem ou de que se fala)

Eu

Tu

Ele

Nós

Vós

Eles

- Modo

Indicativo: É o modo da certeza, o que expressa algo que seguramente acontece, aconteceu ou acontecerá; Subjuntivo: É o modo da dúvida, o que expressa a incerteza, a possibilidade algo vir a acontecer; Imperativo: É o modo geralmente empregado quando se tem a finalidade de exortar o interlocutor a cumprir a ação indicada pelo verbo. É o modo da persuasão, da ordem, do pedido, do conselho, do convite.

- Flexões de tempo no modo indicativo

Presente: expressa uma ação que está ocorrendo no momento em que se fala ou uma ação que se repete ou perdura; pretérito perfeito: transmite a ideia de uma ação completamente concluída; pretérito imperfeito: transmite a ideia de uma ação habitual ou contínua ou que vinha acontecendo, mas foi interrompida por outra;pretérito mais que perfeito: expressa a ideia de ação ocorrida no passado, mas que é anterior a outra ação, também passada; futuro do presente: expressa a ideia de uma ação que acontecerá num tempo futuro em relação ao atual; futuro do pretérito: expressa a ideia de uma ação que aconteceria desde que certa condição tivesse sido atendida.

- Flexões de tempo no modo subjuntivo:

Presente: indica um fato incerto no presente ou um desejo; pretérito imperfeito: indica um fato incerto ou improvável ou um fato que poderia ter ocorrido mediante certa condição; futuro: expressa a ideia de um acontecimento possível no futuro.

EXERCÍCIOS

01) Dê o processo formador de cada uma das palavras:

a) Madrepérola: _____________________________________________________

b) Infertilidade: ______________________________________________________

c) Amanhecer:_______________________________________________________

d) Pernalta: _________________________________________________________

e) O consolo: _______________________________________________________

f) Decair: __________________________________________________________

g) Subsolo:_________________________________________________________

h) Agradável: _______________________________________________________

i) Lobisomem: ______________________________________________________

j) Foto:____________________________________________________________

k) Zigue – zague: ____________________________________________________

l) ex-cineclubista: ___________________________________________________

02) Dê as formas verbais pedidas:

a) sair: 1ª pessoa do singular do presente do indicativo: ______________________

b) nascer: 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: _____________

c) florescer: 3ª pessoa do plural do fut. do pres. do indicativo:_________________

d) saber: 1ª pessoa do plural do pret. imperf. do indicativo: ___________________

e) prender: 3ª pessoal do singular do pres do subjuntivo: _____________________

f) dividir: 1ª pessoa do singular do imperf. do subjuntivo: _____________________

g) registrar: 2ª pessoa do singular do fut. do subjuntivo: ______________________


03) Complete as lacunas dos textos abaixo observando que classes gramaticais estão ausentes na construção textual. Não se esqueça que os textos precisam estar coesos e coerentes.

Sexo e Futebol

No que se parecem: o sexo e o futebol?

No futebol, como no sexo, as pessoas _________ ao mesmo tempo, _________ e ____________, quase sempre _____ pelo meio, mas também _________ para um lado ou para o outro, e às vezes ________ um deslocamento. Nos dois ________ importantíssimo ___________ jogo de cintura.

No sexo, como no futebol, muitas vezes _______________ um cotovelaço no olho, ou um desentendimento que _______________ em expulsão. Aí um __________ para o chuveiro mais cedo.

No futebol, como no sexo, ____________ gente que se ____________ antes de ___________e sempre ____________ ofegante. No sexo, como no futebol, _________ feijão com arroz, mas também _______________ o requintado: a firula e o lance de efeito. E, claro, o lençol.

No sexo também ____________ gente que ________ direto no calcanhar. E tanto no sexo quanto no futebol o som que mais se ___________ __________ aquele "uuuuu". No fim, sexo e futebol só _______ diferentes, mesmo, em duas coisas. No futebol, com a devida exceção ao goleiro, não _________ _______ as mãos. E o sexo, graças a Deus, não _________ organizado pela CBF.

(Veríssimo, Luis F. Time dos Sonhos: paixão, poesia e futebol)

Amor é prosa, sexo é poesia

O amor tem _________, ___________ e ____________. Sexo é contra a _________. O amor depende do nosso ___________, é uma ___________ que criamos. No amor perdemos a ____________. No sexo a ___________ nos perde. O amor precisa do ______________. No sexo, o __________________ atrapalha; só as ______________ ajudam. O amor sonha com uma grande ______________. O sexo só pensa em ________ _________; não há ______________ permitidas. O amor é um ___________ de atingir a _______________. Sexo é o _____________ de se satisfazer com a _____________. Amor não exige a ________________ do “outro”; o sexo no mínimo, precisa de uma __________.

(Jabor, Arnaldo. As cem melhores crônicas brasileiras)

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